Ejud-2 encerra ano letivo com palestra sobre sociedade e riqueza no Brasil

A Escola Judicial do TRT da 2ª Região (Ejud-2) encerrou o ano letivo nessa quarta-feira (17/12) com a aula magna do antropólogo e escritor Michel Alcoforado, autor do livro “Coisa de Rico – A vida dos endinheirados brasileiros”. Realizado em parceria com a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 2ª Região (Amatra-2) no Auditório Juiz Amauri Mascaro Nascimento, no Fórum Ruy Barbosa, o evento reuniu magistrados(as), servidores(as), advogados(as), estagiários(as) e interessados(as) em geral. Veja o álbum de fotos do encontro.

O presidente do Regional, desembargador Valdir Florindo, ressaltou o importante papel da Escola Judicial na capacitação do público externo e interno da instituição e destacou a relevância da última aula do ano. Correlacionou trechos do livro do palestrante, como a lógica da distinção da sociedade, que cria fronteiras invisíveis entre os que são vistos e os invisibilizados, à realidade observada pela Justiça do Trabalho, que busca impedir que diferenças sociais se convertam em desigualdades jurídicas.

À esquerda, desembargador-presidente Valdir Florindo em discurso de abertura; à direita, escritor Michel Alcoforado durante palestra

“O livro de Michel dialoga diretamente com a fronteira na qual atuamos cotidianamente nas sessões, nas audiências, nas decisões e nos dissídios, onde observamos, de uma perspectiva imparcial, a delicada zona de encontro entre capital e trabalho, espaçada pelos códigos sociais que estruturam o comportamento e pelas expectativas simbólicas que moldam as relações laborais”, afirmou o desembargador-presidente.

A diretora da Ejud-2, desembargadora Bianca Bastos, ressaltou o trabalho “essencialmente humanista” desenvolvido pela Escola Judicial, “que promove a integração do Poder Judiciário com a sociedade em sua diversidade, atenta às diferenças humanas e às distorções e discriminações ainda não superadas”.

Durante a aula, o autor Michel Alcoforado questionou o modelo de sociedade brasileira em que “todo mundo quer parecer mais rico do que é, mas ninguém se acha rico de verdade”. Destacou a importância de entender que viver em sociedade é viver junto dos outros para se alcançar um modelo verdadeiramente democrático. E reforçou que “não há democracia, justiça e nação numa sociedade com tantas fronteiras”. 

O antropólogo afirmou que a precarização do mundo do trabalho muitas vezes reforça a noção presente na nossa sociedade de que há lugares onde os mais pobres deveriam estar, conceito que, segundo ele, precisaria ser derrubado. Nessa linha, defendeu que a Justiça teria o papel de ajudar as pessoas a se atualizarem na transição para um modelo de vida mais justo e democrático. “Não se trata de fazer os ricos menos ricos, mas de demonstrar que o fato de você ser rico não te faz melhor do que ninguém”, finalizou.

Compuseram também a mesa de abertura o vice-presidente administrativo do TRT-2, desembargador Antero Arantes Martins; a corregedora regional, desembargadora Sueli Tomé da Ponte; o membro do Conselho Consultivo da Ejud-2, juiz Marcelo Azevedo Chamone; e a vice-presidente da Amatra-2, juíza Erotilde Ribeiro dos Santos Minharro.