“Ontem, pude testemunhar a emoção sincera dos amigos que se despediam de meu amado irmão. As lágrimas, as palavras e os abraços transbordavam amor e saudade. Todos ali tinham uma bela história para contar de experiências vividas com ele, lembranças repletas de carinho e reconhecimento da verdade que sempre carregou dentro do peito e transmitiu em suas ações. Verdade para defender o justo, o direito e, sobretudo, os valores humanos, nas mais diversas situações que o desafiavam” – as palavras são da juíza Sandra Miguel Abou Assali Bertelli, referindo-se ao falecimento do irmão, o magistrado Maurício Miguel Abou Assali. A despedida dele ocorreu na última quarta-feira (7/9) e comoveu a comunidade jurídica.
Maurício Assali era juiz titular da 1ª Vara do Trabalho de São Paulo, unidade que assumiu no ano de 2005, quando foi titularizado. Formado em direito pela Universidade de São Paulo, na turma de 1987, e pós-graduado em direito do trabalho pela mesma instituição, Assali prestou o XVIII Concurso da Magistratura, sendo nomeado no ano seguinte. Como juiz substituto, atuou em varas do trabalho em cidades do interior e em diversas unidades da capital. Ao longo da carreira, participou da comissão examinadora de diversos concursos da magistratura, juiz auxiliar da Corregedoria do TRT-2, durante a gestão 2016-2018. Foi ainda vice-presidente da Amatra-2, durante o biênio 2012-2014, e professor universitário.
“Sua vida e sua jornada sempre foram pautadas pelo amor. Amor pela família, pelo trabalho, pelos amigos, a sua vida se define nessa palavra, amor”, expressa a juíza Roberta Carolina Dantas, que atuou com o juiz Maurício na Corregedoria Regional do TRT-2. “Sua sensibilidade se refletia no seu trabalho diário, na sua capacidade de conciliar o inconciliável e de se dedicar com tanto afeto à nossa Justiça do Trabalho”.
Leia abaixo a íntegra dos textos das juízas Sandra Assali e Roberta Carolina, em homenagem ao magistrado:
Hoje o dia está mais triste. Meu amado irmão Maurício partiu para uma longa viagem. Não o encontrarei mais nos corredores do fórum nem nos gabinetes da 1ª ou da 37ª Vara do Trabalho. Teremos que adiar “sine die” os nossos almoços de sexta-feira e os nossos lanchinhos da tarde, quando nos encontrávamos para falar da vida, dos nossos “causos”, das curiosidades das audiências e divergir sobre quase tudo, como sempre. E mamãe acompanhava e nos ouvia pacientemente, como se o assunto fosse realmente interessante para ela.
Tudo o que disser sobre o Maurício não será suficiente para definir o tamanho de seu coração e de sua generosidade.
Ontem, pude testemunhar a emoção sincera dos amigos que se despediam de meu amado irmão. As lágrimas, as palavras e os abraços transbordavam amor e saudade. Todos ali tinham uma bela história para contar de experiências vividas com ele, lembranças repletas de carinho e reconhecimento da verdade que sempre carregou dentro do peito e transmitiu em suas ações. Verdade para defender o justo, o direito e, sobretudo, os valores humanos, nas mais diversas situações que o desafiavam.
Seria injusto com meu irmão, contudo, deixar de falar da sua paixão também pelo Santos Futebol Clube e pelos jogos de futebol. O “soldador”, como era conhecido no campo dos pais do Arquidiocesano – apelido que ganhou em razão dos óculos marcantes usados para o jogo -, fazia “miséria” nos campos de futebol. Ali ele também se realizava. E essa história começou há muitos anos, fui dela testemunha desde pequena, quando era levada ainda de carrinho para acompanhar o “espetáculo” de meus dois irmãos, o Jorge e o Maurício.
Escrever essas linhas remeteu-me a lugares muito especiais de meu coração e em minha memória. Trouxe-me um pouco de paz e reencontro com meu querido irmão.
Resgatou a força e a coragem de viver que ele sempre me transmitiu em suas ações e gestos.
A saudade é grande e a caminhada será longa. Continuarei o percurso guiada pela luz emanada de sua grande estrela. Prosseguirei por nós dois, defendendo o correto, o justo e os valores humanos nos quais sempre acreditamos.
Siga em paz, meu amado irmão!
Sandra Miguel Abou Assali Bertelli
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Sua vida e sua jornada sempre foram pautadas pelo amor. Amor pela família, pelo trabalho, pelos amigos, a sua vida se define nessa palavra, AMOR!
Sua sensibilidade se refletia no seu trabalho diário, na sua capacidade de conciliar o inconciliável e de se dedicar com tanto afeto a nossa Justiça do Trabalho. Ela estava impregnada nele de tal maneira que seu envolvimento não se limitava apenas a sua unidade.
O nosso Maurício atuou nas comissões de concurso, elaborando provas, cuidando na recepção dos novos juízes e servidores, dando conselhos aos colegas, ajudando nas suas dificuldades, se dispondo a ouvir. Tudo com muito amor e carinho. Você tocou a alma e o coração de muita gente, a minha em especial! Seus ensinamentos estão guardados comigo e levarei as lições aprendidas por toda a minha vida.
Nos despedimos do Juiz exemplar, do pai carinhoso e sempre presente, do marido eternamente apaixonado, do irmão parceiro de todas as horas, do filho amoroso e do amigo de muitas vidas!
Hoje o nosso coração dói com a saudade, mas ciente de que nos reencontraremos e você estará lá, nos recebendo com seu sorriso e sua força! Até breve, meu irmão!
Roberta Carolina de Novaes e Souza Dantas