A Justiça Federal em Santa Catarina (JFSC) e a UFSC promoveram ontem (13/11) a mesa temática “Branquitude: compreendendo dinâmicas raciais na sociedade brasileira”, em alusão ao Mês da Consciência Negra e ao dia dedicado à questão, lembrado na próxima segunda-feira (20). O evento aconteceu no auditório da sede de Florianópolis e foi transmitido pelo canal da JFSC no YouTube.
A conversa teve a mediação do diretor do Foro da JFSC, juiz federal Henrique Luiz Hartmann, que abriu o encontro afirmando que “branquitude não é o oposto de negritude, mas um lugar de privilégio”. Segundo ele, é importante que essa condição seja reconhecida, para entender que “neutralidade é um mito e, inclusive, não é desejável”. Para Hartmann, “falta pluralidade de pré-concepções”, com necessária “ampliação da representatividade”.
O primeiro expositor foi o professor do Departamento de História da UFSC, William Luiz da Conceição, que falou sobre o processo de construção do conceito de branquitude. Para ele, tanto negro quanto branco são “invenções históricas”, manifestadas em formações discursivas que “fazem perpetuar a ficção da superioridade branca”, de modo que “ter a pela branca [se tornou] uma insígnia”.
A exposição continuou com a servidora da JFRS e mestre em Governança e Desenvolvimento, Magali Zilca de Oliveira Dantas, que trouxe estatísticas sobre a representação negra no Judiciário, citando que, ainda hoje, o país tem somente três juízas criminais negras. Além disso, em 2049 apenas 20% dos membros do Poder serão negros. “O racismo no Brasil é tão voraz que não precisou nem de leis [como as Leis Jim Crow dos EUA e o Apartheid da África do Sul]”, disse Magali.
A mesa temática teve como debatedoras a pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade da UFSC, Leslie Sedrez Chaves, e a professora da universidade em Blumenau Marilise Luiza Martins dos Reis Sayão.
Leslie Chaves lembrou que universidade e Justiça são instituições que educam e que é fundamental discutir o tema de uma suposta neutralidade em seu âmbito de atuação. Marilise Sayão falou sobre racismo estrutural e institucional e que “não queremos mais ser sorte, não queremos mais ser únicos [em posições em que ainda há poucas pessoas negras”.
Leslie Chaves (E), William Conceição, Henrique Hartmann, Magali Dantas e Marilise Sayão. ()
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