Psicóloga fala de impactos individuais, familiares e sociais da violência contra a mulher (27/08/2024)

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Aconteceu nesta tarde (27/8) a palestra online “Repensando saberes: consequências e implicações da violência contra as mulheres”, transmitida pelo Zoom para toda a 4ª Região. Ministrada pela psicóloga Júlia Carvalho Zamora, especializada em terapias comportamentais contextuais, a exposição faz parte da programação do Agosto Lilás, mês de proteção da mulher.

Segundo Zamora, a violência contra as mulheres tem impacto nas esferas individual, familiar e social, atingindo todas as classes, mas com fatores de risco diferenciados e maiores entre adolescentes, imigrantes, residentes em zonas de conflito e mulheres no período perinatal.

Entre os impactos individuais, a palestrante pontuou perdas cognitivas, dores e doenças crônicas, lesões, hematomas, deficiências, vergonha, medo, culpa e morte. Nos familiares/relacionais, influência deletéria nos filhos, abandono parental e isolamento.

Os impactos sociais falam de como a sociedade brasileira ainda lida com o problema, o que redunda em altos custos na área da saúde, descredibilização da rede de apoio formada pelas instituições públicas, manutenção da desigualdade de gênero e abuso judicial. No último aspecto, Zamora chamou a atenção de que embora as classes mais baixas sofram mais violência, a maioria das atendidas judicialmente são das mais altas.

Violência democrática

A psicóloga destacou que a violência contra a mulher permeia todas as classes e idades, mas enfatizou a vulnerabilidade dentro do público LGBT, tendo em vista que a maioria das políticas públicas são pensadas para mulheres heterossexuais e cisgêneras. “Mulheres bissexuais e/ou transexuais sofrem todos os tipos de violência de forma prevalente quando comparadas às outras mulheres”, ela ressaltou, acrescentando que têm mais risco de sintomas depressivos e ideações suicidas.

Zamora trouxe também uma realidade pouco falada, a das mulheres acima de 60 anos, que tem como perpetradores não mais parceiros, mas outros familiares e cuidadores. “Mulheres mais velhas podem ter mais dificuldade de romper com a violência devido às crenças mais rígidas em relação ao dever para com a família”, explicou a psicológa.

Fatores de risco

Entre fatores que aumentam o risco de violência estão baixo nível de educação, histórico de maus-tratos infantis, uso abusivo de álcool, atitudes que toleram a violência e as desigualdades de gênero, dificuldade de acesso das mulheres ao trabalho, sanções legais fracas e revitimização dentro da rede de apoio.

O evento foi realizado em parceria da Divisão de Saúde com a Coordenadoria da Ouvidoria e Ouvidoria da Mulher e a Emagis. A apresentação da palestrante foi feita pela ouvidora da Mulher, desembargadora Ana Cristina Ferro Blasi, que destacou a importância de conscientizar cada vez mais pessoas sobre o tema. “Ainda temos dificuldade de visualizar a violência devido à cultura permissiva que tínhamos, por isso a importância de evoluirmos neste estudo, dando visibilidade ao tema”, afirmou Blasi.

O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), desembargador Fernando Quadros da Silva, participou do evento como ouvinte. “Foi uma alegria receber a psicóloga Júlia Zamora. É muito importante que trabalhemos na sensibilização de todos quanto ao tema e estas capacitações vão ao encontro desse objetivo”, declarou o presidente.

ACS/TRF4 (acs@trf4.jus.br)

Psicóloga Júlia Zamora (Foto: Sylvio Sirangelo/TRF4)

Desembargadora Ana Blasi, coordenadora da Ouvidoria da Mulher (Foto: Sylvio Sirangelo/TRF4)

Evento foi transmitido pela plataforma Zoom (Foto: Sylvio Sirangelo/TRF4)