A Justiça Federal em Santa Catarina (JFSC) promoveu hoje (5/6), Dia Mundial do Meio Ambiente, uma redonda sobre Direitos da Natureza com a participação de professores e acadêmicos, que apresentaram diversas novas abordagens de temas ambientais. O seminário aconteceu no auditório da sede da Seção Judiciária, em Florianópolis, e foi transmitido por videoconferência para juízes e servidores da 4ª Região.
A abertura foi coordenada pela diretora do Foro da JFSC, juíza federal Erika Giovanini Reupke, que falou sobre a necessidade de que a discussão seja feita “com as vozes da razão, da ciência, da pesquisa, mas também do zelo amoroso que devemos ter com o planeta, com as espécies, com os recursos, pois todos nós fazemos parte deste ambiente e não só desejamos, mas precisamos, que seja ecologicamente equilibrado”.
A mediação do debate foi conduzida pelo juiz federal Marcelo Krás Borges, titular da 6ª Vara Federal da Capital, que é especializada em meio ambiente. O magistrado se referiu à Agenda Global 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e das iniciativas do Poder Judiciário para adoção institucional do programa.
O próximo diretor do Foro da JFSC, juiz federal Henrique Luiz Hartmann, substituiu a juíza Erika Reupke durante a mesa redonda e citou a criação, pelo Sistema de Conciliação do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de um núcleo de processos estruturais, para tratar de questões complexas referentes à matéria ambiental.
A professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Letícia Albuquerque, apresentou o tema “Justiça Ecológica e Direitos da Natureza”. Ela afirmou que a questão ambiental não pode ser separada da defesa dos povos originários e que a demarcação de terras indígenas protege a biodiversidade em favor de todos.
O advogado e doutorando em Direito Ambiental Marcelo Mossmann desenvolveu o tema “Jurisprudência da Terra e Direitos da Natureza a partir do enfoque dos conflitos socioambientais. Ele disse que os tribunais têm impedido a possibilidade de que eventuais indenizações sejam compensadas pelos lucros da exploração irregular.
A advogada e professora Isabela Bruna Barbieri discorreu sobre “Os polinizadores e o extermínio da biodiversidade”, comentando sobre julgamento recente do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou constitucionais dispositivos da Lei Zé Maria do Tomé, do Ceará, proibindo a pulverização aérea de agrotóxicos.
A advogada e professora Tania Horbatiuk Dutra palestrou sobre “A proposta de uma Justiça Ecológica e a necessária mudança de paradigma diante das crises do Antropoceno”. O conceito científico se refere a uma era geológica marcada pela intervenção humana, mas que estaria em crise pelo crescimento populacional, a urbanização, a pecuária e o uso de combustíveis fósseis, entre outros fatores.
O professor José Rubens Moratto Leite, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), proferiu palestra sobre “Direito Ecológico: novo aporte para defesa do meio ambiente”, em que demonstrou a diferença entre Direito Ambiental, voltado sobretudo para a gestão dos recursos, e uma nova abordagem que privilegie o chamado “condomínio da Terra”.
A professora Melissa Ely Melo, vice-diretora do Centro de Ciências Jurídicas da UFSC, teve como tema “Os desafios do PSA como garantia de proteção socioambiental”. PSA – Pagamento por Serviços Ambientais – é um instrumento econômico que visa conceder incentivos para as condutas que gerem provisão ou manutenção dos serviços proporcionados pelos ecossistemas em benefício de toda a sociedade.
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Melissa Melo (E), Moratto Leite, Isabele Barbieri, Erika Reupke, Krás Borges, Letícia Albuquerque, Tania Dutra e Marcelo Mossmann (D). ()
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Mesa com Henrique Hartmann (centro da tela) ()
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