“As questões raciais estruturam os conflitos que são apresentados ao sistema de Justiça; a sociedade brasileira [é] estruturalmente racializada, orientada pelo mito da democracia racial, expresso por um discurso de negação do racismo, da discriminação, bem como por um conjunto de práticas estruturais cotidianas de exclusão”. As afirmações são da juíza auxilia da Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Karen Luise Souza, e introduziram a palestra “Racismo e antirracismo no Judiciário brasileiro, promovida hoje (7/8) pela Justiça Federal em Santa Catarina (JFSC) por videoconferência para a 4ª Região.
Mulher, negra e com 25 anos de magistratura, Karen Souza diz que é uma exceção no Judiciário, segmento que, como outros espaços de poder da sociedade, ainda é formado majoritariamente por homens brancos. Segundo ela, esses aspectos da realidade acabam induzindo as pessoas a “naturalizarem práticas que colocam pessoas negras num lugar pior que o de pessoas brancas”. Para Karen, é preciso transformar a cultura institucional, com outras premissas e diretrizes”.
O diretor do Foro da JFSC, juiz federal Henrique Luiz Hartmann, também lembrou que o racismo estrutural consiste na “repetição de padrões culturais excludentes”, resultando em discrepâncias como o reduzindo número de negras e negros no Judiciário, quando mais da metade da população não é branca. O vice-diretor do Foro, juiz federal Rodrigo Koehler Ribeiro, observou que “não porque não agimos de um jeito ou de outro [não repetindo aqueles padrões] que essas coisas não existem”.
“O racismo adoece fisicamente”, falou a palestrante, ao contar que a primeira notificação de óbito durante a pandemia foi de uma mulher negra, que era empregada doméstica. “Temos que fazer com que a corrida da vida seja justa para todas as pessoas”, concluiu. A atividade teve a participação de cerca de 180 pessoas e foi coordenada pela Divisão de Acompanhamento e Desenvolvimento Humano.
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