O Laboratório de Inovação (Inspiralab) do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) realizou nesta segunda-feira (3/2) a primeira apresentação da Caravana Virtual dos Laboratórios de Inovação do Poder Judiciário, evento promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), transmitido ao vivo pelo YouTube, que objetiva divulgar e compartilhar boas práticas entre os órgãos de Justiça brasileiros.
A gerente do Laboratório de Inovação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do CNJ, Elaine Cestari, abriu a Caravana Virtual do CNJ. “Este é um evento piloto que objetiva aproximar os laboratórios de inovação do Poder Judiciário de todo o país. Ele nasceu após uma troca de ideias com a 4ª Região. Por isso iniciamos com o TRF4, que dividirá com todo o ecossistema de laboratórios sua metodologia”, explicou Cestari.
Segundo a gerente de Inovação do Conselho, o objetivo é depois publicar um edital convidando os demais laboratórios do Judiciário para se inscreverem para receber virtualmente o CNJ e compartilharem suas experiências e métodos de trabalho tendo por base este primeiro encontro.
Apresentação
A apresentação do TRF4 foi dirigida pela coordenadora do Inspiralab, desembargadora Luciane Amaral Corrêa Münch. Conforme a magistrada, o tribunal está num segundo momento da Inovação, tendo ultrapassado a etapa de implantação. “Agora é hora de aprofundar nossa perspectiva sobre a inovação”, afirmou, destacando três pontos a serem enfocados: a defuturização, os horizontes, e a criação de espaços reais.
A magistrada explicou que a defuturização consiste em uma análise dos projetos que evite inovações sem mudança real; horizontes é a adoção de projeções sobre o efeito futuro de um projeto de inovação; e criação de espaços reais de inovação é o estímulo da cultura de inovação na instituição, com apoio e valorização dos laboratoristas e abertura para ouvir pessoas de fora do nosso sistema judicial.
A desembargadora Taís Schilling Ferraz dividiu a apresentação com Münch. “Inovação não é apenas tecnologia e construção de processos novos de trabalho, é sobre pessoas, então precisamos criar espaços para pensar a cultura organizacional”, ressaltou Ferraz, demonstrando preocupação com a resistência dos usuários às mudanças e a complexidade cada vez maior dos problemas na esfera do Judiciário.
A desembargadora destacou ainda que toda a inovação deve estar gerando um valor público na perspectiva da sociedade. “Inovar é um meio e não um fim em si mesmo”, afirmou.
Fluxos
Após a abertura, a diretora de Mídias Sociais do TRF4, Karen Fredrich, comandou um bate-papo com o assessor de Projetos e Inovação, Alexandre Antonini, e a supervisora do Inspiralab, Elisa Coelho, sobre o funcionamento do setor.
Foram abordados temas como a criação da marca, feita sobre elementos fluídos e cor quente, de autoria do diretor de Conteúdo Institucional, Alberto Bigatti; ferramentas utilizadas; trabalho online, presencial e híbrido; estrutura física, com um passeio da supervisora pelo espaço físico do Inspiralab; e processos de trabalho.
Antonini explicou que o laboratório atua de duas formas, a pró-ativa, com o mapeamento de oportunidades de inovação, consultando os setores, e a sob demanda, quando são encaminhadas por esses. O assessor destacou que para projetar e aplicar um projeto de inovação é importante entender o problema e ter alguém comprometido com o projeto dentro do setor demandante.
Ainda assim, segundo Coelho, o Inspiralab faz uma análise preliminar para entender quais serão os benefícios de resolver aquele problema, avaliando a dimensão dele para a instituição, o impacto potencial caso solucionado e os recursos necessários em termos de custos, tempo e recursos humanos. “Isso nos ajuda a priorizar as demandas e definir se o projeto vai ou não evoluir”, explicou a supervisora.
Antonini explicou ainda que o sistema de laboratórios da 4ª Região, composto pelas unidades do tribunal e das seções judiciárias, se interconecta e auxilia mutuamente.
Metodologia
Elisa Coelho contou que as ferramentas utilizadas para a resolução de determinado problema dependem de sua natureza, podendo ser pesquisas quantitativa e qualitativa para compreensão do contexto, design thinking e oficinas para exploração do caso trazido.
Para as oficinas, esclareceu Antonini, é montado um grupo multidisciplinar, com indicações do responsável pelo projeto dentro do setor demandante. Este grupo maior discute e propõe soluções, um subgrupo menor sugere o protótico e, novamente, o grupo maior avalia e aprova ou não.
O assessor citou ainda o uso de metodologias ágeis, a divisão do problema em pedaços menores e o tratamento em ciclos interativos de criação e desenvolvimento.
Inovatchê
Pelo Laboratório de Inovação da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul (SJRS), o Inovatchê, falou a coordenadora, juíza federal Daniela Tocchetto Cavalheiro. Ela ressaltou a importância de realizar processos reais de inovação, evitando a armadilha de usar apenas como uma máscara para problemas já resolvidos. “Vejo que algumas pessoas, na ânsia de serem inovadoras, nos procuram já sabendo o que querem como resultado apenas para dar um viés democrático ao que querem implementar, e esse não é o propósito. Precisamos ficar atentos a isso”, pontuou Cavalheiro.
Labjus
A juíza federal Simone Barbisan, coordenadora do Laboratório de Inovação da Seção Judiciária de Santa Catarina, o Labjus, falou sobre a unidade, sua evolução, estrutura e problemas enfrentados. “Nossa jornada é de muita luta para que este espaço de inovação possa acontecer na SJSC”, afirmou a magistrada, explicando que o Labjus ainda não tem um local físico.
Linc
Laboratório de Inovação e Criatividade, Linc, é o nome dado ao laboratório do Paraná, que foi apresentado pela juíza federal e coordenadora de Inovação Giovanna Mayer . “Nosso laboratório tem uma vocação mais de desenho e de pensamento visual e tem sido um difusor da inovação pelo estado”, contou, mostrando a sala que abriga o Linc no prédio da JFPR e destacando que são feitos muitos encontros online, pois muitos laboratoristas são do interior.
Desembargadora Luciane Amaral Corrêa Münch, coordenadora do Inspiralab (Foto: Diego Beck/TRF4)
Desembargadora Taís Schilling Ferraz (Foto: Diego Beck/TRF4)
(esq.p/dir) Elisa Coelho, Alexandre Antonini e Karen Fredrich (Foto: ACS/TRF4)
Representantes de laboratórios da 4ª Região falaram sobre seu trabalho e estrutura (Foto: ACS/TRF4)