Para comemorar o Dia Internacional da Mulher, a Justiça Federal do Paraná promoveu um evento emocionante no auditório da Sede Cabral, em Curitiba (PR). O espaço foi palco, na tarde de quarta-feira (08), de palestra com a advogada Mayra Cotta, que abordou o tema “Mulher, Roupa, Trabalho: Como se veste a desigualdade de gênero”. O ponto é o tema central de seu livro de mesmo nome, lançado em 2021.
O evento teve transmissão simultânea via zoom para as Subseções Judiciárias do interior e não foi voltado apenas ao público feminino. Magistrados, servidores, estagiários e terceirizados também acompanharam a palestra.
A apresentação de um vídeo que destacou a importância da mulher na Justiça Federal, expondo dados da participação do público feminino na história da instituição foi exibido logo no início da tarde. Outro vídeo apresentado contou com a participação de muitas servidoras que tecem a história da Justiça Federal do Paraná. Por meio de depoimentos, elas destacaram os direitos conquistados pelas mulheres ao longo dos anos. Foram relatos emocionantes que ajudaram a construir a instituição.
O diretor do Foro da SJPR, juiz federal José Antonio Savaris, juntamente com a vice-diretora do Foro, juíza federal Anne Karina Stipp Amador Costa, e a coordenadora da Seção de Capacitação, juiza federal Luciane Merlin Klève Kravetz, fizeram a abertura oficial do evento. O magistrado parabenizou todas as mulheres que compõem a Justiça Federal, ressaltando que a data marca uma história de resistência e de lutas. “Todos temos que estar envolvidos na luta contra a ‘ignorância de gênero’, na luta pela igualdade e na luta por novas formas de masculinidade”.
Anne Karina Stipp Amador Costa, falou da importância da mulher, destacando o trabalho da direção do Foro em sempre ouvir todos os setores e pessoas que nela trabalham. “A participação das mulheres na magistratura federal apresentou queda nos últimos anos. Em 2018, apenas 31,2% do Judiciário é formado por mulheres. Em contrapartida, o número de servidoras que compõem funções de confiança ultrapassa os 50% (os dados são de 2002 do CNJ)”, expôs a juíza federal.
“Acredito que isso mostra a importância de se comemorar a data, para que a instituição cada vez mais valorize a colaboração da mulher. Precisamos compreender a riqueza de equipes plurais no ambiente institucional, facilitando a criatividade e inovação”, complementou em sua fala.
Roupa é um ato político
“Quem é mulher sabe que, apesar de rotineira, arrumar-se para o trabalho não é tarefa fácil. Não importa o que vestimos, a roupa feminina é sempre avaliada, comentada e criticada por todo mundo, e o resultado é que quase nunca sentimos que nossas peças são apropriadas para a situação. Mas por que nossa relação com a roupa de trabalho é tão complicada?”
Com esse questionamento, Mayra Cotta iniciou sua palestra para falar que determinados estilos e roupas as profissionais das mais diversas áreas e classes sociais, limitam a liberdade feminina e desigualam os gêneros.
Mayra apresentou dados que mostram a desigualdade no mundo atual, explanando sobre mulheres que precisaram se vestir de homens para ocupar posições de poder ao longo da história, o uso de determinados estilos de roupas e a adoção de formas não-masculinas de liderança, entre outros assuntos de relevância para a luta de igualdade entre mulheres e homens.
“A permanência do terno masculino no mundo do trabalho acompanha e espelha o pertencimento inquestionável do homem. Para ele, não há necessidade de mudança, porque não existem espaços a serem conquistados no mercado de trabalho. Situação oposta para as mulheres”, disse.
Assim como em seu livro, Mayra Cotta falou que para conseguir se impor e ser respeitada no lugar de trabalho, as mulheres se vestem como homens e agem como tal, com a expectativa de serem levadas a sério, com respeito e igualdade. Segundo a palestrante, o caminho para mudança é as mulheres se organizarem, agirem coletivamente, se apoiando umas nas outras. Ao terminar sua apresentação, a palestrante respondeu perguntas do auditório.
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